O apresentador do Globo Esporte, Felipe Andreoli, é um apaixonado por tênis. Pratica o esporte ao menos duas vezes por semana, tem a honra de ser amigo de Gustavo Kuerten e Bia Haddad, já teve o prazer de bater bola com o ídolo André Agassi e de encontrar, mais de uma vez, a lenda Roger Federer.
Em uma entrevista especial ao DIÁRIO DO TÊNIS, Andreoli contou um pouco da relação com o esporte, revelou os ídolos, elogiou Bia Haddad e João Fonseca e analisou o cenário do tênis no Brasil.
“O tênis brasileiro perdeu um grande momento na época do Guga. A gente sabe que, no Brasil, o esporte precisa vencer para a gente falar, gostar e praticar. Temos uma nova oportunidade com a Bia e boto muita fé no futuro porque temos três tenistas muito talentosos, o João Fonseca e duas jóias como a Victoria Barros e a Naná (Nauhany Silva)”, afirmou o apresentador.
Confira os principais trechos da entrevista abaixo.
DIÁRIO DO TÊNIS: Como nasceu essa paixão pelo tênis e quais foram seus primeiros ídolos?
FELIPE ANDREOLI: É engraçado. Não sei dizer qual foi o momento exato ou o torneio, alguma coisa. Quando eu era criança, o tênis passava na TV aberta, na Manchete ou na Band, e o primeiro cara que eu admirei foi o (Ivan) Lendl, com aquele jeito dele sério, duro, compenetrado. Ele me lembrava o Arnold Schwarzenegger, me lembrava o exterminador do futuro. Mas meu primeiro ídolo mesmo, que me fez amar o tênis, seguir mais de perto e abraçar, com certeza foi o (André) Agassi. Sempre gostei desses caras mais irreverentes, que eram diferentes, estavam na contramão de todos. Tinha as roupas coloridas, o cabelo, aquela irreverência. Sempre gostei muito do estilo de jogo dele. O primeiro título do Agassi foi no Brasil, em Itaparica, ganhando do Luiz Mattar. Acho que foi ali que peguei o embalo e a paixão pelo tênis.
DT: Quantas vezes você costuma jogar tênis hoje em dia?
FA: Tento, no mínimo, jogar duas vezes por semana na academia do Givaldo Barbosa. Tenho um treino que faço com três amigos, caras que são melhores do que eu, mas na hora do jogo gente se embola. Conheço toda a família Barbosa, o Vitor, o Rodrigo, então a academia é familiar, quem entra não sai mais porque ama aquelas pessoas, ama a turma que está lá dentro. Jogo lá duas vezes por semana. E sou sócio de um clube e tenho ido mais lá para jogar duplas. Não gosto muito de jogar duplas, prefiro simples, mas agora estou entrando em algumas duplas. Eu tive um intervalo no tênis dos 21 aos 27, 28 anos e voltei firme há uns 15 e sinto que ainda dá para evoluir, que ainda melhoro, consigo consertar coisas e jogar melhor do que quando era jovem. Isso dá uma satisfação muito grande.
DT: Qual a melhor lembrança de um torneio que você acompanhou e qual você ainda tem o sonho de acompanhar in loco?
FA: Essa é fácil. Tive a oportunidade de ver três finais de Roland Garros. Vi duas vezes o Nadal ganhando Roland Garros, uma contra o Ferrer, que foi 3 a 0, em 2013 se não me engano e outra sobre o Thiem, que se não me engano foi em 2017, mas nessa de 2013 eu tive também a oportunidade de ver a Serena ser campeã em uma final contra a Sharapova se a memória não me trai. Mas o melhor jogo da história também foi nesse Roland Garros de 2013, que foi a semifinal entre Nadal e Djokovic. Foi um jogo de cinco horas, o Djoko estava com o jogo na mão e o Nadal virou daquele jeito dele. Foi um privilégio. Fiquei cinco horas sentado em uma cadeira sem poder sair do lugar porque, se eu saísse, alguém pegaria meu lugar. Fiquei cinco horas sem ir ao banheiro, sem tomar água, sem fazer nada. Foi muito marcante.
Já fui no US Open, é muito legal, mas meu grande sonho é Wimbledon. A curiosidade de ver como é ali, jogos na grama, é um desejo que espero realizar.
DT: Como foi a sensação de encontrar e conversar com Roger Federer?
FA: Foi uma das melhores coisas da minha vida, um privilégio indescritível. E já foram quatro vezes, uma coisa inacreditável. A primeira foi em uma entrevista ainda na época do CQC, fiz todas as perguntas, as ideias que eu tive foram coisas sob medida e ele adorou a entrevista, se divertiu muito. O agente dele disse que foi uma das entrevistas que ele (Federer) mais gostou de fazer, que ele mais se divertiu fazendo. Foi uma coisa que eu guardei para sempre, com uma alegria muito grande. Tanto que, na segunda vez que o encontrei, também pelo CQC, ele se lembrou de mim. Consegui encontrá-lo em mais duas oportunidades, uma quando ele veio para o Brasil com a tour do patrocinador. Estávamos eu, ele, Guga e a Maria Esther (Bueno). Eles batendo bola e eu olhando aquilo ali abismado. O Guga ainda jogou com a minha raquete. A última vez que eu o encontrei também foi em um evento de um patrocinador dele, na Suíça, e quando cheguei lá tinham 50, 60 pessoas. Eu não estava como imprensa, era só um visitante convidado pela marca. Tinha uma fila para tirar foto com ele e, quando chegou a minha vez, ele falou “I Know you, I know you”. De onde eu te conheço. Fiquei feliz da vida porque foram anos depois dos primeiros encontros. O Federer é um cara genial, super simpático, é realmente aquilo que a gente vê e projeta.
DIÁRIO DO TÊNIS: O que você acha que falta para o tênis brasileiro?
FA: O tênis brasileiro perdeu um grande momento quando a gente teve a Era Guga, porque não tinha apenas o Guga, tinha o Fino (Fernando Meligeni), o (Flávio) Saretta, caras que poderiam até terem ido ainda mais longe se não jogassem em uma época tão dourada, com tantos tenistas bons. Acho que aquela época tinha mais talento. A gente perdeu a possibilidade de impulsionar o tênis com essa era vencedora do Guga porque a gente sabe que, no Brasil, o esporte precisa vencer para a gente falar, gostar e praticar. Acho que a gente está tendo uma nova oportunidade com a Bia e boto muita fé no futuro porque estamos com três tenistas muito talentosos, que são o João Fonseca entre os homens e duas joias que precisam ser lapidadas, como a Victoria Barros e a Naná (Nauhany Silva). As meninas têm 14 anos e estão ganhando de adultas, de gente muito mais velha e prometem demais nesse cenário internaciomal. É acreditar que nossos grandes ídolos tragam grandes exemplos, como a Bia traz, como a Luiza Stefani faz nas duplas. É aproveitar esse momento de destaque para incentivar. É encontrar grandes empresas. O tênis tem entre seus praticantes gente com muito dinheiro, que trabalham com grandes marcas e essas marcas podem fomentar projetos sociais, aumentar a capacidade de prospecção, só assim a gente vai trazer novos talentos. Se a gente ficar só na bolha não dá. A gente tem de expandir, levar o tênis para outros lugares e achar esses talentos que estão por aí.
DIÁRIO DO TÊNIS: O que a Bia Haddad ainda pode alcançar?
FA: Sou suspeito para falar da Bia porque tenho uma amizade com ela, um carinho que vai fora da quadra e, ao mesmo tempo, quando estou torcendo por ela sou só mais um, fico nervoso, xingo ela, fico quase como um torcedor de futebol assistindo tênis. Sofro muito nos jogos da Bia. A gente olha para o lado, vê as outras jogadores e sente que a Bia tem total capacidade de estar entre as 10, as 15 melhores tenistas do mundo. Com confiança, com o jogo afiado, ela está lá para disputar os principais títulos. Ela ganhou alguns títulos 250, o Elite Trophy, mas acho que ela pode mais, que ele pode ganhar torneios 1000, que ela pode ganhar Grand Slam. Ninguém faz semifinal de Roland Garros à toa. A Bia forte mentalmente, confiante no jogo dela pode ir mais longe. Eu confio demais no talento dela, na força, na garra dela e acredito que ela pode ir para títulos de Grand Slam e estar brigando entre as 10, 15 do mundo.
DIÁRIO DO TÊNIS: Quais suas expecatativas para o João Fonseca?
FA: O João Fonseca é um fenômeno. A gente viu o que ele conseguiu jogar no Rio Open, o que ele vem fazendo tão jovem. Tem de acreditar, botar muita fé. Sei que ele está bem cercado, os pais sabem cuidar bem dele, ele tem uma cabeça muito boa de saber que é o começo da caminhada. Ele poderia ter ido para o tênis universitário, decidiu ir para o profissional. Acho que foi a escolha certa. Ele vai ser um cara que vai brilhar muito rápido, muito jovem, amadurecer antes dos nossos outros grandes tenistas. É um cara que traz muita esperança. Tem de ter um pouco de calma porque essa transição para o profissional é dfifícil, é de muitas derrotas, quebrar de ritmo. É ele conseguir embalar um, dois torneios, começar a acumular os pontos para disputar os grandes torneios, para a gente começar a ver ele nos grandes palcos, inclusive brigando com os maiores. A gente já vê reconhecimento de grandes jogadores, o Djokovic falou que tá curioso para ver o futuro dele. Se o Djoko falou isso, quem somos nós para não acreditarmos na mesma coisa.
DIÁRIO DO TÊNIS: Na linha esse ou aquele, quem foi melhor…
FA: Sem contar o Roger. Para mim ele é o maior de todos. É o cara que jogou melhor e mais bonito. O auge do auge do Federer é o mais incrível de todos. Um cara que saca limpo, que voleia como ninguém, o slice, o que ele fazia com o forehand, mesmo a esquerda, que era o menos bom dele, ele conseguiu melhorar. Mas o meu grande ídolo é o Guga, pelo cara que ele representa, pela pessoa que ele é, por ter convidido, estar com ele em outras situações e ver que ele aquele cara mesmo é bom demais. É incrível ter um ídolo como o Guga. Já vira uma mistura de um cara que eu admiro, que eu conheço, tenho esse privilégio. Tirando esses dois caras, tem o Agassi que eu citei no começo. Tenho muito carinho pelo Agassi. A biografia dele é um dos melhores livros que eu já. Tive a oportunidade de bater uma bola com ele e com o Guga, que foi uma das coisas mais incríveis que eu já fiz, Estava tão nervoso, mas eu dei sorte porque eram aquelas bolas de crianças, fofinhas, e eu consegui controlar na raquete. Foi um dos momentos que vou guardar com muito carinho. Tenho uma camiseta autografada pelos dois.
DT: Borg ou McEnroe?
FA: McEnroe
DT: Sampras ou Agassi?
FA: Agassi
DT: Nadal ou Djokovic?
FA: Nadal
DT: Sinner ou Alcaraz?
FA: Alcaraz
DT: Seles ou Graff?
FA: Graff
DT: Iga ou Sabalenka?
FA: Sabalenka.
Uma combinação de carisma e jogo.
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