Por Giovane Martineli, editor do DIÁRIO DO TÊNIS
Querida Bia Haddad, não não nos conhecemos bem. Estive em duas ou três coletivas de imprensa na sua carreira, vi um punhado de jogos in loco, mas não temos qualquer proximidade. Talvez essa “distância” me permita fazer alguns comentários sobre o momento e te dar alguns conselhos.
Você não precisa provar mais nada a ninguém. É a segunda maior jogadora de tênis da história de um país que não tem qualquer política esportiva e os investimentos em esportes que não jogados por 11 homens com uma bola são escassos.
Se você chegou a número 10 do mundo, esteve por anos no Top-20, foi semifinalista de Grand Slam, entre outros, o mérito é praticamente 100% seu. Não preciso citar aqui os enormes desafios que enfrentou para chegar a este lugar porque você os conhece como ninguém.
Bia, tivemos na semana passada um evento WTA 250 em São Paulo que foi um grande sucesso e aconteceu muito por sua causa, por sua luta. Se hoje temos Nanás e Victorias surgindo no esporte é porque elas tiveram você como exemplo de que era possível sonhar em ser uma nova Bia.
Escrevo isso para lhe mostrar que você já fez muito pelo tênis brasileiro. Acho que chegou a hora de fazer por você. Descanse. Não foi legal ver o que me pareceu uma crise de ansiedade na estreia no WTA de Seul. Na segunda rodada o problema foi no joelho direito.
O seu corpo está gritando. Você precisa ouvi-lo.
Esqueça os pontos, o ranking, a Billie Jean, a United Cup, que o Brasil também só disputa graças a você. Os pontos no ranking você recupera. Você já passou por isso no passado.
Agora é a hora de recuperar o sorriso da foto desta carta, que faz tempo que você não leva para a quadra.
O tênis não pode ser uma obrigação, apenas essa pressão maluca por pontos e tal. Você precisa se divertir e não me parece que consiga fazer isso neste momento.
Descanse um pouco, Bia. Recupere o físico, a cabeça e a alegria. Não é preciso esse sacrifício de agora.
Queremos ter ver novamente competindo contra as melhores em 2026.
Afinal, é o seu lugar, você é uma delas.
Um grande abraço