Opinião: Legado esportivo no tênis se constrói com exemplos e oportunidades

Opinião: Legado esportivo no tênis se constrói com exemplos e oportunidades
João Fonseca conquistou o título do ATP da Basiléia neste domingo (Crédito: Divulgação)

O tênis brasileiro viveu uma semana de contrastes. Ao mesmo tempo em que João Fonseca fazia história ao conquistar o título do ATP da Basiléia e Luisa Stefani ganhava o WTA de Tóquio, os brasileiros chegavam apenas na segunda rodada do Challenger da Costa do Sauípe, vencido pelo argentino Roman Burruchaga, e as brasileiras na segunda rodada do WTA 125 de Florianópolis, vencido pela austríaca Julia Grabher.

O cenário levanta uma discussão sobre como construir um legado esportivo no país, para o tênis brasileiro não depender de individualidades, como Gustavo Kuerten e Bia Haddad, e caminhar para se aproximar do modelo argentino de Burruchaga (tem sete tenistas no Top-100).

A solução passa justamente pelo que aconteceu nesta semana. Ter exemplos, como João Fonseca e Luisa Stefani, e oportunidades, como os torneios da Costa do Sauípe e de Florianópolis, mas é preciso ter calma. Um legado esportivo não é construído de uma dia para outro.

A Itália é o grande exemplo. Foi por muito tempo dependente de individualidades, até a Federação Italiana começar, em 2010, um trabalho de investimentos em professores e torneios. Hoje, o país tem nove tenistas no TOP-100 e um dos líderes do ranking, Jannik Sinner.

Em 2025, a Itália teve 19 torneios Challengers no calendário, o Brasil apenas seis. No feminino, foram oito WTAs 125 na Itália contra dois no Brasil. Torneios profissionais da ITF no masculino foram 31 na Itália contra 11 no Brasil e, no feminino, 29 contra 13.

Tênis é um esporte caro. Ter a chance de somar pontos e acumular experiências no próprio país, especialmente no início da transição para o profissional, faz muita diferença, como estamos vendo com Nauhany Silva e Guto Miguel. Eles já são a próxima geração e tem muito mais talento dando as primeiras raquetadas.

O Brasil não aproveitou o legado de Gustavo Kuerten, mas o próprio Guga acredita que o momento agora é diferente e o futuro, com João Fonseca, pode ser promissor.

“Sem dúvida. Já tivemos um episódio, as informações estão mais escancaradas para todos, temos um trabalho melhor na Confederação. Um catalisador pode nos dar uma velocidade de ruptura para chegar lá. Se for três gerações de sucesso não para mais. Se vier uma referência…”,disse o tenista, na apresentação do documentário Guga por Kuerten.

Tags: João Fonseca

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