Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, considerado o maior evento multiesportivo do mundo e que terá início na sexta-feira que vem (26), o mercado de apostas esportivas promete ficar bastante agitado.
Prova disso é um levantamento da IBIA, da H2 Gambling Capital e do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), que coloca o Brasil no quarto lugar entre os países que mais apostam no mundo no ano de 2024. Dados do Banco Central indicam que os brasileiros movimentaram cerca de R$ 54 bilhões entre janeiro e novembro de 2023 em jogos e apostas em plataformas de apostas esportivas.
Além dos números significativos, o interesse de apostadores brasileiros em eventos como a Olimpíada se dá pelo fato de enxergarem nas competições uma oportunidade de diversificar suas apostas. Esportes como atletismo, natação e ginástica artística, tradicionalmente menos visados, ganham destaque e atraem um novo público de apostadores.
De acordo com Anna Carolina Carneiro Bello, sócia do Jantalia Advogados e membro da Associação de Mulheres da Indústria do iGaming (AMIG), esse é um momento fundamental para as casas de apostas por meio de ações e campanhas ao público.
“A Olimpíada é uma oportunidade incomparável para aliar a paixão pelos esportes, o engajamento e o senso de participação e pertencimento da torcida e o patriotismo ao entretenimento e à emoção proporcionados pelas apostas esportivas. O evento representa a mais democrática das competições, com diversas modalidades para todos os públicos”.
Embora os dados sobre o volume de apostas nas Olimpíadas de Tóquio sejam incertos, é possível projetar esse aumento comparando com os outros dois eventos mais populares, como a Copa do Mundo FIFA e o Super Bowl. Em números globais, a Copa do Mundo de Futebol da FIFA 2022 foi a competição que movimentou 185 bilhões de reais em apostas. O Mundial, que teve sede no Catar, apresentou um crescimento de aproximadamente 65% em relação aos valores movimentados na Copa da Rússia em 2018, de acordo com estatísticas do banco britânico multinacional Barclays.
Já no caso do Super Bowl LVIII, realizado em 11 de fevereiro de 2024, a American Gaming Association (AGA) estimou que os norte-americanos apostaram 23,1 bilhões de dólares na final do futebol americano.
“A indústria de apostas esportivas continua a se desenvolver, aprimorar e amadurecer ano após ano, principalmente com a abertura de novos mercados e a regulamentação de operações já em curso. Consequentemente, a cada grande evento esportivo, espera-se um crescimento nas receitas e na popularidade das apostas esportivas, especialmente com as peculiaridades positivas do evento para os apostadores”, destacou Anna.
Por outro lado, combater a manipulação de resultados é um desafio que deve ser encarado com seriedade pelas casas de apostas, em colaboração com as entidades organizadoras do evento.
“Essa preocupação é intensificada pela variedade de modalidades que compõem os Jogos Olímpicos, o que pode dificultar a prevenção e o combate à manipulação de resultados”, explica Filipe Senna, sócio do Jantalia Advogados, mestre e especialista em Direito de Jogos e Apostas Esportivas.
A natureza imprevisível dos Jogos Olímpicos, com muitos atletas atingindo seu auge no momento certo ou apresentando desempenhos inesperados, leva a uma maior variação nos resultados das apostas. Essa imprevisibilidade pode tornar as apostas mais arriscadas em comparação com ligas esportivas mais frequentes, representando um risco tanto para o operador quanto para o apostador, na visão do advogado.
“Por conta disso, o Comitê Olímpico Internacional – COI conta, desde 2014, com o Sistema de Inteligência para Integridade das Apostas – IBIS, que monitora atentamente os jogos para detectar qualquer atividade ou evento suspeito relacionado às apostas esportivas. Em sua extensa rede, colaboram com o IBIS as Federações Internacionais, os reguladores nacionais de jogos e apostas, associações de operadoras e as próprias operadoras de jogos e apostas. Todos esses atores têm acesso a uma plataforma de inteligência onde podem trocar informações com organizações desportivas e organizadores de eventos”, conclui o especialista.
Leia também: