Atual número 814 do mundo em simples, o brasileiro Paulo Saraiva foi se aventurar em uma zona de conflito na África em buscas de pontos no ranking da ATP e novas experiências. O tenista vai disputar o Challenger 50 de Brazzaville, no Congo, que começa nesta segunda-feira.
Saraiva disputaria o quali, mas nada menos do que 55 tenistas retiraram a inscrição no torneio e ele entrou na chave principal, que ficou com 31 tenistas, sendo 10 alternates. O quali teve apenas um jogo, entre dois tenistas convidados pela organização.
Uma das explicações para a debandada é o conflito armado na República Democrática do Congo, que matou quase três mil pessoas apenas em janeiro na tomada da cidade de Goma pelos rebeldes do M23. A distância do local do conflito é cerca de 3 mil quilômetros para Brazzaville, local do torneio, mas a similaridade no nome dos dos países gerou um movimento de desistência dos tenistas.
Paulo Saraiva está no Congo desde quinta-feira e admite que teve receio de viajar para o país até entender o conflito na República Democrática do Congo.
“No primeiro momento fiquei em dúvida. Fiquei sabendo dos conflitos, achei que era aqui, mas eu vi que era República Democrática do Congo e tentei entender o que estava acontecendo. Vi a localização do conflito e vi que era na fronteira com a Ruanda no primeiro momento. Durante a semana fui acompanhando para ver onde iria, se entraria para a Runda porque nas próximas semanas tem dois Challengers lá, mas ele está vindo para dentro da República Democrática do Congo. O pessoal aqui está bem tranquilo, não tem nada a ver com eles”, afirma Paulo Saraiva.
Na chave de simples, Paulo Saraiva vai enfrentar justamente o vencedor da única partida do quali, o americano Dillon Breckles, que derrotou o tenista da casa Cheik Pandzou Ekoume por 2 sets a 0, com um duplo 6-1. Na chave de duplas, ele e o também brasileiro Mateo Reyes são os cabeças de chave número 1 e só estreiam nas quartas de final.
Paulo Saraiva decidiu se inscrever no Challenger de Brazzaville principalmente pelo aspecto financeiro. Ele tinha a opção de disputar dois torneios Futures em Punta Del Leste, mas teria mais gastos na viagem.
“Joguei ano passado em Punta Del Leste, mas é muito caro para comer, para fazer compra, o airbnb é muito caro e, como a gente não ganha hotel em Futures, ficaria bem complicado. A passagem para aqui é muito cara, mas eu fiz as contas e ficaria meio que no zero a zero com a premiação, aqui vale mais pontos, temos hospedagem e transporte”, afirmou Saraiva, que viveu uma verdade epopéia para chegar em Brazzaville.
“Eu tinha que chegar na sexta-feira, mas a passagem para sexta-feira era muito cara. Saí de Brasília na terça-feira à tarde, fui até Congonhas, depois peguei um ônibus até Guarulhos, peguei um voo para Casablanca (Marrocos) e tive uma conexão de 31 horas. Não pude retirar minha mala lá porque ela viria direto para Brazzaville, então fiquei 31 sem malas. Procurei um lugar mais barato possível e um lugar para treinar em Casablanca. Conhecia um menino de lá que é Top-100 juvenil e consegui fazer bons treinos, já pude me acostumar com o fuso horário”, afirmou Paulo Saraiva, que chegou no Congo na quinta e deve estrear no torneio nesta segunda.
“Tem tudo para ser uma semana boa. O pessoal tem sido bem próximo dos jogadores para resolver todos os problemas dos jogadores. Agora é focar em treinar e jogar o melhor possível”, afirmou o tenista.
Leia também: